OBJETIVO
Relatar um caso de dilatação de anastomose biliodigestiva por acesso transjejunal.
RELATO DE CASO
Paciente, sexo feminino, 28 anos, com história de lesão iatrogênica de via biliar em colecistectomia convencional (2006) complicada com estenose via biliar principal e necessidade de derivação biliodigestiva com anastomose hepático-jejunal em 2009, mantendo-se alça jejunal aferente exclusa fixada a parede abdominal anterior.
Após dois anos, passou a apresentar episódios esporádicos de febre e icterícia. Em 2015, após internamento devido a quadro de colangite, foi observado, em colangiografia, estenose de anastomose biliodigestiva.
A paciente foi submetida à tentativa de dilatação percutânea transhepática sem sucesso, sendo realizada a drenagem biliar externa apenas.
Foi então realizado o acesso à anastomose hepático-jejunal através exposição cirúrgica de alça jejunal exclusa fixada à parede abdominal (figura 1).
Foi utilizado um balão 12x60mm para dilatação da anastomose por acesso transjejunal, com restauração do trânsito hepático-jejunal (figuras 2, 3 e 4). Realizou-se a ultrapassagem da anastomose biliodigestiva pelo acesso transhepático já existente para posicionamento de dreno interno-externo (figura 5). O dreno foi retirado após 30 dias e a paciente segue assintomática.
DISCUSSÃO
A estenose da anastomose biliodigestiva é uma das principais complicações das derivações realizadas para reparo de lesões biliares após colecistectomia, acometendo cerca de 10% dos pacientes.
A abordagem cirúrgica desta complicação é tecnicamente difícil e pode elevar consideravelmente a morbidade. Além disto, está associada a uma taxa de reestenose de até 45%. Neste contexto, a abordagem percutânea transhepática, oferece bons resultados, com taxa de sucesso técnico de 60% e ausência de recorrência dos sintomas em 70 a 90% dos casos.
Diante da impossibilidade técnica para o acesso transhepático, a abordagem percutânea transjejunal, primeiramente descrita em 1984, é uma alternativa com resultados semelhantes. Em nosso caso, foi necessária a realização de jejunostomia devido à impossibilidade de punção da alça jejunal exclusa, pois esta não possuia marcação radiopaca.
O cateter biliar posicionado após a dilatação da anastomose garante o pertuito. Sua manutenção por tempo prolongado garante a perviedade da anastomose sem a necessidade inicial de implante de stent.