OBJETIVO
Relatar evolução e tratamento de uma paciente com eventos isquêmicos cerebrais sucessivos devido a trombo flutuante.
RELATO DE CASO
Paciente, sexo feminino, 64 anos, com quadro de afasia e hemiparesia direita com recuperação de déficit após 1 hora. Tomografia computadorizada realizada seis horas após o ictus detectou sinais de isquemia em porção posterior da ínsula e focos em substância branca parietal, subcorticais frontal e parietal à esquerda.
O quadro neurológico se repetiu por três dias consecutivos, apesar do tratamento clinico, também com remissão completa dos sintomas. A paciente foi encaminhada para nosso serviço para tratamento.
Submetida à angiografia cerebral, identificando-se sinais de embolia para o segmento M1 da artéria cerebral média esquerda, com oclusão parcial deste vaso. Realizou-se a trombectomia com Stent Solitaire 4x20mm com recanalização total da artéria.
Angiorressonância após o procedimento evidenciou discreta irregularidade dos segmentos M1 e M2 da cerebral média esquerda, sem sinais de falhas de enchimento. A paciente evoluiu sem complicações, tendo alta hospitalar três dias após o procedimento.
DISCUSSÃO
A terapia trombolítica endovenosa é eficaz para a restauração do fluxo cerebral no acidente vascular encefálico agudo. Porém a taxa de recanalização de oclusões em grandes artérias não ultrapassa 10%.
O stent Solitaire é um stent auto-expansível, totalmente recuperável, indicado para restabelecimento do fluxo cerebral em casos de oclusão de grandes vasos intracranianos que não se beneficiaram com terapia trombolítica sistêmica.
Estudos multicêntricos referem taxas de sucesso terapêutico de 85%. Castaño e Stampfl observaram restauração imediata do fluxo cerebral em 90% e 88,8% dos pacientes respectivamente.
Em nosso caso, não se indica a terapia trombolítica sistêmica uma vez que a paciente foi admitida em nosso serviço cerca de 72 horas após o ictus, optando-se pela trombectomia devido à instabilidade.