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A evolução da cirurgia arterial aberta para endovascular

Com o desenvolvimento das técnicas de sutura e anastomose arterial após descrição de Alexis Carrel em 1902 – um marco para cirurgia vascular moderna, ganhando o prêmio Nobel – várias lesões poderam ser tratadas e muitos membros foram salvos. Antes disto lesões arteriais de membros era igual a amputação ou óbito por hemorragia.

Em 1923, Seldinger descreveu a técnica de acesso vascular percutânea utilizada até os dias de hoje, abrindo o campo para o desenvolvimento da cirurgia endovascular. Grunztzig desenvolveu o cateter balão utilizado para angioplastia e Júlio Palmaz desenvolveu o primeiro stent. Atualmente muitas das lesões vasculares podem ser tratadas por via endovascular, através do uso de stents recobertos em grandes vasos ou por embolização em vasos de menor calibre. As doenças arteriais obstrutivas antes tratadas com enxertos venosos com longas cirurgias em pacientes de alto risco cirúrgico, são prioritariamente tratados com anestesia local e angioplastia na atualidade.

No campo da doença cérebro-vascular extracraniana, o primeiro relato de endarterectomia de carótida realizada com sucesso foi realizada por De Bakey, em 1953. A angioplastia de carótida pode ser considerada como primeira opção em estenoses altas, em casos com pescoço hostil e em casos de oclusão da carótida contralateral. Para os demais casos, a angioplastia tem chegado cada vez mais próximos dos resultados da endarterectomia.
A primeiro ressecção de aneurisma de aorta abdominal foi descrito por Dubost em 1951. Na cirurgia convencional de aneurisma de aorta infra-renal, a laparotomia ampla implica em aumento do risco de complicações se comparado com o implante de endoprótese abdominal, que pode ser realizada sob anestesia loco-regional através de incisão inguinal ou por técnica totalmente percutânea com pré fechamento, já que o perfil dos dispositivos das endopróteses reduziram bastante nos últimos anos. O Argentino Juan Parodi demostrou o primeiro tratamento endovascular de aneurisma de aorta abdominal.

Na cirurgia dos aneurismas de aorta torácica, antes realizados sob toracotomia, hoje podem ser realizadas através de pequena incisão inguinal, de maneira que o implante de endoprótese torácica tornou-se a primeira opção. Nos Aneurismas Toraco-abdominais, onde ocorre envolvimento das origens das artérias viscerais, a mortalidade da cirurgia aberta é ainda muito elevada, mesmo nos centros com maior experiência. Atualmente já é possível implantar endopróteses neste segmento, com o advento de endopróteses fenestradas e ramificadas ou através das técnicas de stents paralelos, que embora ainda muito complexos, já são realidade para nós.
Estima-se que neste século, 70% dos procedimentos vasculares serão realizados por técnicas minimamente invasivas. O fato das procedimentos endovasculares serem realizados de maneira menos invasiva e sob anestesia local, os torna a primeira opção para maioria dos pacientes arterioscleróticos, pois em sua maioria têm comorbidades que tornam o procedimento convencional aberto de alto risco.
Por Márcio F C Medeiros
Especialista em Cirurgia Vascular e Endovascular pela SBACV
Especialista em Radiologia Intervencionista pela Sobrice/CBR
 

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